19 janeiro 2012

NÃO ESQUEÇA


NÃO ESQUEÇA   
  
Não esqueça de lembrar
Lembrar de nunca esquecer
O cheiro doce, o gosto doce
Do som, do céu, do sol, do sal
A embriaguez de adolescer

Não esqueça de sentir coragem
Coragem que de tanta é pouca
Feche os olhos para ouvir
Tenho um segredo para contar
Dentro da sua boca

Não esqueça de olhar no espelho
Espelho sempre trás saudade
Quantos segredos em buracos profundos
Inferno escondido nas gavetas
Cemitério da fidelidade

Não esqueça de fazer promessas
Promessas para não cumprir
Os filhos que não tivemos
Ou os filhos que agora temos
Rir pra não chorar e chorar de tanto rir

Não esqueça de não me esquecer
Esquecer do semblante franzido
Olhos retos semicerrados
Deitados em covas e curvas
Passado é presente adquirido

Henry Mascarós

01 agosto 2011

31 julho 2011

PASSEAR?

Alguma coisa ainda
Alguma coisa faz
Alguma coisa ainda faz eu me alimentar
Alguma coisa ainda faz eu me alimentar de você
Como um doce na cesta
Como você
E em tarde de sol
Ou quem sabe tarde de chuva
E em tarde de sol ou chuva de qualquer estação
Enquanto as cigarras trabalham
Enquanto as formigas cantam
Ecoa por entre os galhos e folhas
Vermelho
Férrico
Vermelho férrico e ácido
Como perfume
Como doce
Como você
Olfato de cachorro
Porque esses olhos tão grandes?
Porque essas orelhas tão grandes?
Porque essa boca tão grande?
Coxas
Coxas úmidas e doloridas
E a consciência e os lençóis pra lavanderia
Vamos passear
Vamos passear na floresta
Vamos passear na floresta enquanto seu lobo não vem...

Algumas coisas
Algumas coisas conseguem
Algumas coisas conseguem às vezes
Algumas coisas conseguem às vezes me deixar enjoado
Como um doce na cesta
Como você
E nas noites de lua
Ou quem sabe nas noites nubladas
E nas noites de lua ou em noites nubladas
Enquanto pérolas mastigam porcos
Enquanto palhaços dormem
Escorre pelas sinuosas curvas
Rubi
Óxido
Rubi óxido e cítrico
Como muco
Como doce
Como você
Hálito de Anúbis
Porque me afasta os olhos?
Porque esconde as orelhas?
Porque cala?
Pelos
Pelos poucos e bem deixados
E a consciência pra baixo do tapete
Vamos passear
Vamos passear na floresta
Vamos passear na floresta enquanto seu lobo não vem...

Algo pra matar
Algo pra matar a fome
Algo pra matar a sede
Algo pra matar a fome e a sede
Como um doce na cesta
Como você
E nos dias curtos
Ou quem sabe nos dias longos
E nos dias curtos ou quem sabe nos dias longos
Enquanto traças tragam
Enquanto cravos curam
Pingam suóres e lágrimas
Sangue
Cobre
Sangue cobre e cíclico
Como mel
Como doce
Como você
Mordida de chacal
Olhos cegos de embriaguez?
Orelhas surdas de ofego?
Boca silente de segredos?
Seios
Seios rosa assimétricos
E a consciência inexiste como nos sonhos
Vamos passear
Vamos passear na floresta
Vamos passear na floresta enquanto seu lobo não vem...
Passear?


trecho de texto ensaio ainda em fase de construção e ilustração
Henry Mascarós

30 agosto 2010

09 agosto 2010